A evolução dos negócios nos últimos meses de pandemia


Chegados ao último mês do ano, o tempo é não só de se olhar para o que aconteceu nas últimas semanas em termos transacionais no sistema de retalho português, como também perceber o que tem sido o desenvolvimento desta área ao longo de quase nove meses de pandemia.

À semelhança do que tem vindo regularmente a acontecer desde o início de 2020, a Unicre aproveitou a entrada na semana do Natal para, no âmbito das suas uTalks semanais, fazer a apresentação do último relatório REDUNIQ Insights de 2020 (realizado em parceria com a ROI- Return On Ideas) onde se percebe que, no cômputo geral, ressalta a ideia de que este foi um ano marcado por quebras generalizadas na faturação dos setores económicos e um aumento exponencial da utilização do contactless nos pagamentos

Pode acompanhar toda a análise ao relatório com Tiago Oom (REDUNIQ) e Rui Dias Alves (ROI) no vídeo em baixo.

O que aconteceu no período pré-Natal é sintomático disso mesmo. Entre 29 de novembro e 12 de dezembro, assistiu-se a um agravamento dos resultados transacionais em diversas categorias do sistema retalhista em contra-ciclo com o que seria a natural tendência de consumo observada a pouco mais de um mês do Natal, período que se esperava, inicialmente, poder contribuir para a recuperação das brutais perdas acumuladas a partir do primeiro Estado de Emergência.

O número acumulado de transações e da faturação total durante este período temporal atingiram -12,50% e -18,05%, respetivamente, face a igual período de 2019. No global do setor de Retalho, e após uma relativamente rápida e acentuada recuperação observada entre maio e final de agosto, os níveis de faturação têm, desde então, revelado uma tendência de estabilização em valores um pouco mais de 10% abaixo dos períodos homólogos.

Novembro, que tipicamente mês do arranque do “fenómeno” Natal, com um aumento do número transações (ver linha vermelha do gráfico seguinte), revelou este ano uma incapacidade de aceleração do consumo. As novas restrições foram, de acordo com o relatório, limitantes na relação com um amplo conjunto de categorias que deveriam ter conseguido crescer e que, pelo contrário, agravaram quebras face ao homólogo de 2019.

Evolução da Faturação Total 2020/2019 (Quinzenas)

Evolução do Número Total de Transações 2019/2020 (Quinzenas)

As quebras que se acentuaram em novembro, acabaram por ser transversais a todo o território nacional, com vários distritos, como Braga, Vila Real e Viseu, que já tinham recuperado quase tudo a voltarem a apresentar quebras de dois dígitos. De acordo com o relatório, os distritos com maior perda de faturação acumulada continuam a pertencerem às regiões do país que mais sentiram a diminuição do número de turistas: Faro, Lisboa, Madeira, Porto e Açores registaram quebras de faturação até novembro de 28%, 26%, 21%, 16% e 16%, respetivamente.

Evolução da Faturação Total 2020/2019 por Distritos (variações homólogas)

Em termos setoriais, a evolução transacional por setor de atividade entre outubro e novembro mostra que as categorias mais prejudicadas com as medidas restritivas em termos homólogos foram a Moda (que passou de -15% para -35%), a Restauração (de -10% para -27%), as Gasolineiras (de -7% para -17%), e as Perfumarias (de -14% para -22%). Em sentido inverso, os negócios do Retalho Alimentar Tradicional e da Saúde aumentaram a sua faturação de 53% para 70% e de 23% para 36%, respetivamente. Por outro lado, e apesar das condicionantes aos horários de funcionamento impostas durante o mês de novembro, o setor dos Hipers e Supermercados conseguiu manter-se em valores praticamente iguais aos de 2019.

Evolução por Setor de Atividade 2020/2019 (variações homólogas)

De acordo com o relatório REDUNIQ Insights, as quebras sentidas pelos diversos setores são o efeito claro que as medidas de combate à pandemia têm nos hábitos de consumo dos portugueses com as medidas de proibição de circulação entre concelhos e o recolher obrigatório nos fins-de-semana a partir das 13 horas a terem impactos substanciais nas categorias de Moda, Perfumaria, Gasolineiras e Restauração.

Há, ainda, dois momentos que importam assinalar. O primeiro prende-se com a atípica “Black Friday” deste ano que, em termos homólogos, registou valores de faturação 16% abaixo de igual período em 2019 e o segundo está ligado a uma aceleração do consumo comparando a semana de 6 a 12 de dezembro com a semana de implementação do estado de emergência (9 de novembro). Nesta comparação, a nota de destaque vai para o crescimento da faturação das Perfumarias (mais 93%), da Moda (mais 55%), dos Hipers e Supermercados (mais 23%), dos Eletrodomésticos & Tecnologia (mais 19%) e do Retalho Alimentar Tradicional (mais 16%).

O setor da  Restauração aproveitou esta pequena onda de crescimento e, no arranque de dezembro, também evidenciou uma interessante melhoria, com o último sábado dia 12, a apresentar o melhor valor registado aos sábados desde a implementação do estado de emergência, com um crescimento de 42% face ao dia 14 de Novembro.

Variação Homóloga da Faturação Total na Black Friday

Por todas as razões e mais algumas, é difícil dizer que algo ou alguém sai a vencer deste ano de 2020, mas a existir um vencedor, seria claramente o contactless.

Em novembro, esta forma de pagamento representava já 35% do total de faturação dos negócios portugueses, face aos 34% do mês anterior e aos 8% alcançados em período homólogo.

O rápido crescimento do contactless em 2020 é sintomático da democratização da sua utilização. A sua maior higiene em relação ao dinheiro físico (cartão e terminal não se tocam), simplicidade de utilização e segurança levou a que, entre março e agosto, o peso do contactless no total dos pagamentos tenha duplicado, representando no oitavo mês do ano mais de 1/4 do total da faturação e, como já assinalámos, mais de 1/3 no final de novembro. Prevê-se que este crescimento não fique por aqui, uma vez que, até final deste ano, todos os cartões e crédito e débito emitidos no país serão contactless.

Faturação Contactless - Evolução Homóloga 2020/2019

Em consonância com o crescimento da tecnologia contactless, a REDUNIQ oferece a solução TPA REDUNIQ Smart, um terminal de pagamento automático de última geração que aceita pagamentos por cartão contactless, chip ou MB Way e dá ao comerciante a possibilidade de desenvolver apps para a gestão do seu negócio a partir do próprio terminal.