Depois de dois anos de apatia, os turistas voltaram a encher as ruas de Portugal e os negócios agradecem. De acordo com os dados presentes no relatório REDUNIQ Insights, referente à evolução da faturação com cartão alcançada pelos negócios em Portugal, durante o primeiro semestre de 2022, os negócios fecharam o primeiro semestre de 2022 com um crescimento acumulado de faturação proveniente de cartões de 45%, face a 2021.
Evolução da Faturação 2022 Vs. 2021
Esta enorme subida é em parte justificada pelo facto do primeiro trimestre de 2021 ter sido marcado por um confinamento obrigatório, atividades letivas suspensas e teletrabalho. Ainda assim, o segundo trimestre apresentou valores de crescimento significativos de 40% face ao período homólogo, graças à recuperação das atividades turísticas.
Uma nota ainda para os pagamentos contactless que, durante os primeiros seis meses deste ano, registaram um crescimento de 87%, um tema ao qual voltaremos mais à frente e de forma mais aprofundada.
Como referimos, a retoma do turismo foi um dos pilares deste crescimento acentuado na faturação. A este respeito, o relatório indica que, no 1º semestre do ano, a faturação estrangeira já situava-se 25% acima dos valores de 2019, aquele que terá sido um dos melhores anos para o turismo em Portugal (cerca de 27 milhões de turistas). Por sua vez, também a faturação de cartões nacionais continuou a evoluir, face a 2021, evidenciando uma normalização do comportamento de consumo dos portugueses.
Evolução da Faturação por Origem – Faturação Nacional
Evolução da Faturação por Origem – Faturação Estrangeira
Como fica bem patente nos gráficos apresentados, o ano de 2022 marca uma evidente recuperação do Turismo que, durante 2021, ainda se havia mantido em níveis muito abaixo dos observados em 2019, no pré pandemia.
No 1º semestre do ano, a faturação estrangeira já se encontrava cerca de 25% acima dos valores de 2019, aquele que terá sido um dos melhores anos para o turismo em Portugal (cerca de 27 milhões de turistas).
Já a evolução da faturação nacional face a 2021 evidencia uma normalização do perfil de consumo dos portugueses. Após um arranque de ano com forte aceleração do consumo, constata-se um progressivo abrandar das taxas de crescimento.
As taxas de crescimento observadas em maio e junho foram inferiores a 20%, menos de metade dos 4 meses anteriores, evidenciando o que pode revelar a perda de confiança dos portugueses, por força da guerra da Ucrânia e do brutal aumento da inflação.
Uma curiosidade: o impulso no turismo veio na onda do regresso de turistas de países como os Estados Unidos (peso de 11% em 2022 vs. 8% em 2019) e da Irlanda (9%) – que entra no top 5 das nacionalidades, retirando a Espanha da lista de países com maior peso no consumo em Portugal. Apesar de uma perda de 6%, um natural efeito do BREXIT, o Reino Unido continua a ser a origem mais relevante dos turistas que visitam Portugal (16% do total).
Top Nacionalidades por Região
Consumidores regressam em força aos centros comerciais
Consolidando a realidade observada no final de 2021, os números do primeiro semestre de 2022 reforçam o regresso dos consumidores aos centros comerciais, que já superaram as vendas de 2019 (inclusive face a 2021 verifica-se um aumento de 2% do peso da moda, categoria muito associada ao consumo em centros comerciais), e o regresso ao lazer (aumento de 3% do peso da restauração).
Consequência desta normalização de consumo é também a quebra de 7% do peso da categoria de Hiper&Super, que apresentou uma importância significativa no cabaz de consumo dos portugueses durante a pandemia.
Faturação Nacional por Setor 2022 e 2021
A inflação é também uma realidade que impactou, neste último semestre, o nível de consumo dos portugueses. Prova disso é o aumento do valor médio por transação, que arrancou em janeiro em 31€, passando para 34€ em junho.
Compra Média Nacional 2022 e 2021 (1º Semestre)
Numa análise setorial, as categorias que se mostraram mais resilientes ao longo da pandemia, como os eletrodomésticos e a tecnologia (+3%), Hiper&Super (+12%), retalho alimentar tradicional (+30%) e farmácias (+31%) são agora as que revelam crescimentos mais moderados face a 2021. No extremo oposto, as categorias que em 2021 foram mais impactadas por restrições e inibições comportamentais dos consumidores, são as que evidenciam maiores taxas de crescimento no arranque de 2022: hotelaria e atividades turísticas (+276%) e restauração (+148%), sendo que em ambas se verificou um crescimento superior a 400% no caso da faturação estrangeira.
Visão por Setor de Atividade – Variação Homóloga da Faturação
Da visão setorial passamos para a visão geográfica que revela uma evidente recuperação do consumo, de forma transversal a nível geográfico, notando-se uma subida em todos os distritos.
Visão por Regiões – Variação Homóloga da Faturação
Destacam-se, em particular, como territórios de maior crescimento, os distritos em que o turismo é uma atividade económica basilar, como a Madeira e Faro, que atingiram crescimentos superiores a 60% em comparação com 2021. As regiões de Lisboa e Porto, também elas fortemente impactadas pelas quebras do turismo, e onde o teletrabalho foi mais evidente, foram as que evidenciaram a recuperação mais expressiva tanto no consumo de portugueses (+30%), como no consumo de estrangeiros (perto de 300%).
Pagamentos Contactless representam 55% da faturação
Ainda no que diz respeito aos hábitos de consumo, o contactless, como forma de pagamento, está cada vez mais democratizado entre os consumidores. Nos últimos seis meses, cerca de 3 em cada 4 compras com cartão (74%) foram efetuadas utilizando a tecnologia contactless.
Contactless – Peso Faturação e Peso Transações
Isto acaba por mostrar que é já inquestionável que o contactless faz parte do dia-a-dia de praticamente todos os portugueses sendo que expectativa é que a utilização desta tecnologia continue a aumentar, ainda que de forma mais lenta, no quotidiano de consumo dos portugueses, acompanhando desta forma a realidade de outros países europeus.
Diz-nos ainda o relatório que o peso dos pagamentos por TPA com recurso a meios contactless representa já 55% do total de faturação dos negócios ligados ao sistema REDUNIQ, mais 9% do que se verificava em 2021 e mais 30% do que acontecia em 2020. Já na rubrica transações, os dados são ainda mais impressionantes, com o contactless a representar 74% do total, mais 9% do que em 2021 e mais 22% do que em 2020.
