Portugueses gastam menos em compras, mas faturação está em recuperação


Acaba de ser conhecido o novo relatório REDUNIQ Insights sobre as dinâmicas de consumo durante o período de desconfinamento em curso e os números são animadores, em especial no que toca à faturação dos negócios portugueses.

Março, mês em que se deu início à abertura da economia depois de mais de dois meses de confinamento obrigatório, revelou que o sistema retalhista português obteve uma ligeira recuperação nos níveis de faturação nacional, que, apesar de ainda se encontrarem abaixo dos valores pré-pandemia (-8% face a 2019), subiram 4 pontos percentuais entre fevereiro e março de 2021.

Evolução da Faturação - 2019, 2020, 2021

Evolução da Faturação – 2019, 2020, 2021

Como se percebe da análise do gráfico anterior, o mês de março evidenciou uma recuperação muito ligeira face aos números do mês de fevereiro (de -12% para -8%), uma realidade global que reflete uma quebra de 20% que é, em grande medida, determinada pela ausência de consumo estrangeiro (-76%). Já numa comparação com 2020, o início deste desconfinamento é pautado por níveis de faturação próximos dos existentes justamente antes da entrada no 1º Confinamento.

Comparando a realidade de 2021 com a de 2019, o sistema retalhista português vive ainda quebras de 20%. Contudo, quando a comparação se faz entre a realidade de 2021 e a de 2020 percebe-se uma inequívoca melhoria (+41%).

Portugueses estão a gastar menos

Apesar da gradual retoma da faturação nacional com a entrada na 1ª fase de desconfinamento, há um dado, menos positivo, que merece nota de destaque: a diminuição do valor médio gasto em compras pelos consumidores portugueses.

Segundo os dados recolhidos pela REDUNIQ Insights, o ticket médio (valor médio gasto em cada compra) está nos valores mais baixos de sempre desde o início de 2020 (32€), menos um euro do que foi registado no período que mediou entre 15 de janeiro e 14 de março deste ano (2º Confinamento geral) e menos 7,2 euros do que o valor mais alto de ticket médio (39,2€) alcançado durante o primeiro confinamento geral, entre março e maio de 2020.

Variação Homóloga da Faturação pelos vários períodos de Pandemia

Variação Homóloga da Faturação pelos vários períodos de Pandemia

De acordo com o relatório, na base desta retração no consumo estão factores tão diversos como a maior preocupação das famílias em poupar face às dificuldades financeiras que podem vir a enfrentar, a retoma de alguma normalidade no momento de consumo (fim da necessidade de fazer compras tão avultadas pelo receio de fim de stock ou por receio de contágio nos estabelecimentos) e a redução do poder de compra, sobretudo das classes mais baixas da sociedade.

Distritos de menor dimensão obtêm melhores performances

Numa perspetiva regional, o período de 15 de março a 4 de Abril de 2021 evidencia números muito melhores do que os homólogos de 2020 (um crescimento face ao homólogo de 40%) eu se estende, de forma transversal, a todos os distritos.

Porém, tal como se já se tinha observado durante o ano de 2020, os distritos de menor dimensão acabam por registar melhores performances do que os seus congéneres de maior dimensão. Nesta rubrica, se exceptuarmos as regiões autónomas dos Açores e da Madeira que registaram crescimentos acima dos 60%, os distritos da Guarda (+47%), Viana do Castelo (+46%), Bragança (+46%) e Beja (+45%) saem claramente por cima em relação aos restantes.

Faturação por Distritos 2020, 2021 (Evolução Homóloga)

Faturação por Distritos 2020, 2021 (Evolução Homóloga)

Cabeleireiros, Saúde, Moda e Perfumarias evidenciam fortes sinais de retoma

Em termos setoriais, os sinais de retoma fizeram-se sentir com bastante força entre 14 de março e 4 de abril quando em comparação com o período homólogo de 2020. Nesta comparativo, as categorias de Cabeleireiros, Saúde, Moda e Perfumarias registaram crescimentos de, respetivamente, 1781%, 581%, 339% e 294%.

Contudo, é preciso cautela na análise dos dados, uma vez que estas atividades estavam, entre 15 de março a 4 de Abril de 2020, objetivamente fechadas, com níveis de faturação praticamente zero.

Faturação por Categorias 2020, 2021 (Evolução Homóloga)

Faturação por Categorias 2020, 2021 (Evolução Homóloga)

Quando se compara desconfinamentos em termos de faturação e pontos de venda ativos, resulta claro que as quebras neste 2º Confinamento foram menores e que a performance de faturação ao fim de 3 semanas de “reabertura” é genericamente melhor para quase todas as categorias.

Verifica-se que, praticamente todas as categorias de negócio, aumentaram a sua faturação neste novo desconfinamento em relação ao anterior, com destaque para a saúde (+183% face à semana de 3 a 9 de maio de 2020), e para a hotelaria e atividades turísticas (+181% face primeira semana de maio de 2020). Sobre este último tópico, apesar dos valores absolutos ainda muito baixos da hotelaria, este segundo desconfinamento demonstra sinais positivos na retoma do setor, sobretudo pela confiança do impacto do processo de vacinação na retoma do consumo turístico.

 

Desconfinamento Março 2021 vs Maio 2020 - Por Categoria (Análise de Faturação)

Desconfinamento Março 2021 vs Maio 2020 – Por Categoria (Análise de Faturação)

 

Desconfinamento Março 2021 vs Maio 2020 - Por Categoria (Análise de Pontos de Venda Ativos)

Desconfinamento Março 2021 vs Maio 2020 – Por Categoria (Análise de Pontos de Venda Ativos)

Outra das tendências reveladas prende-se com a “inclinação” para as pessoas comprarem no retalho alimentar tradicional ao invés de comprarem em hiper e supermercados: comparando as terceiras semanas de desconfinamento de 2021 e 2020, o retalho alimentar tradicional apresentou um crescimento de 96% e os hiper e supermercados de 25%.

Em síntese, após o início do Desconfinamento, o consumo está substantivamente melhor em 2021 do que estava em Maio de 2020 mostrando que a sociedade “normalizou” com uma nova vida num Mundo – COVID.

Leia também: Manual de Desconfinamento para Empresas e Negócios

Contactless já é responsável por quase metade dos pagamentos em Portugal

Outra das tendências assinaladas pelo relatório do REDUNIQ Insights é o crescimento do contactless, que desde o início da pandemia tem vindo a crescer exponencialmente e a tornar-se um hábito de pagamento de muito portugueses. Só em março de 2021, 42% dos pagamentos efetuados na rede de aceitação da REDUNIQ foram efetuados através da tecnologia contactless, uma percentagem que contrasta com os 4% de janeiro de 2019 ou os 10% de janeiro de 2020.

Faturação Contactless - Evolução Homóloga 2019, 2020 e 2021 - Peso Faturação Contactless no Total da Faturação

Faturação Contactless – Evolução Homóloga 2019, 2020 e 2021 – Peso Faturação Contactless no Total da Faturação

Como facilmente se verifica, o contactless continua a aumentar a sua penetração de forma sustentada, tendo ultrapassado no 1º Trimestre de 2021 (em Confinamento) o patamar dos 40% (4x mais do que no período homólogo de 2020 e cerca de 10x mais do que em 2019).

Não há como fugir à realidade dos números apresentados. Mais do que uma resposta à pandemia, o contactless tornou-se uma alternativa fácil e segura para muitos portugueses assumindo-se como o futuro dos pagamentos. Isto leva, obrigatoriamente, à necessidade do sistema retalhista nacional de se dotar desta tecnologia nos seus negócios, de modo a responder às novas exigências dos seus consumidores.

A REDUNIQ tem um papel fundamental em todo este processo. Através da disponibilização da solução terminal de pagamento automático – TPA que permitem aos comerciantes aceitar transações com recurso à tecnologia contactless dos seus clientes, a REDUNIQ está a ajudar a transformar o panorama do setor dos pagamentos em Portugal.

Prova disso é o recente lançamento terminal de pagamento Android REDUNIQ Smart que, além de aceitar pagamentos contactless com cartão, chip ou MB Way , traz incorporadas um conjunto de apps de gestão que auxiliam os negócios e lhes permitem ser totalmente móveis e digitais, como é o caso das apps certificadas ZS Mobile e omeutáxi.

Ao funcionar com tecnologia contactless e centro de gestão com ligação ao mundo digital, esta nova solução terminal de pagamento Android da REDUNIQ oferece uma flexibilidade extra aos negócios na gestão dos seus recursos, uma vez que, por exemplo, com a app ZS Mobile o comerciante pode registar pedidos no terminal, faturar (certificação da AT) ou elaborar orçamentos e encomendas mesmo sem ligação à Internet.

E-commerce continua a crescer a nível global

No momento em que o REDUNIQ Insights se dá a conhecer os dados do consumo nacional neste período de desonfinamento, é importante olhar para o que está a acontecer além-fronteiras.

De acordo com um infográfico da Discover Global Network, as vendas online estão em franco crescimento em todo o mundo impulsionadas pelos novos hábitos e preferências de consumo, pelo fácil checkout (finalização de compra) e pelas medidas de contenção da pandemia, em especial o distanciamento social.

Assim, temos que 82% dos consumidores a nível global (dados 451 Research) passou a realizar, pelo menos, algumas das suas compras via online, sendo que destes, 5,2% migraram totalmente para o E-Commerce e 23,6% passou a confiar a maior parte das suas aquisições de bens e produtos a este canal.

No cômputo geral, esta migração dos consumidores para os canais digitais fez com que, só no ano passado, o valor global de vendas no E-commerce seja estimado em 4,2 biliões de dólares (dados Statista) em contraste com os 3,5 biliões apurados em 2019 e muito longe dos 1,3 biliões registados em 2014.

Para este ano, as estimativas apontam para um crescimento deste números até os 4,9 biliões podendo atingir, em 2023, os 6,5 biliões, o que vem demonstrar a crescente procura por este canal de vendas por parte dos consumidores.