O que são as Dark Stores, uma das novidades do Retalho em Portugal?

A pandemia trouxe consigo enormes desafios e mudanças no panorama do Retalho em Portugal. Uma delas dá pelo nome de Dark Stores, lojas ou pequenos armazéns, tipicamente em centros urbanos/aglomerados de consumidores online, onde não entram clientes e que servem apenas como entreposto logístico para o e-commerce.

As restrições impostas ao longo do último ano e meio ao comércio tradicional fez com que os consumidores virassem agulhas para o comércio eletrónico.

Isto mesmo é sublinhado pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) que, recentemente, revelou que entre agosto e outubro de 2021, 40,4% dos portugueses entre os 16 e os 74 anos compraram online, o que reflete um aumento de 5,2 pontos percentuais face a igual período de 2020. Se olharmos para o total do último ano, a percentagem é ainda mais expressiva, e anda na ordem dos 51,6%.

O que são Dark Stores?

Este crescimento exponencial do comércio eletrónico acabou por levar a constrangimentos ao setor do Retalho, que não estava preparado para enfrentar um aumento tão elevado do volume de encomendas, acabando por levar ao surgimento do conceito de Dark Store.

Dotadas de infraestruturas suficientes para abrigar produtos e equipamentos e dar inicio ao processo de separação, empacotamento e etiquetagem das encomendas, dando assim, resposta aos pedidos solicitados, as Dark Stores têm como grande objetivo encurtar a distância entre o produto e o consumidor final, permitindo entregas no próprio dia ou no dia seguinte.

Mais ágeis e próximas do cliente final, estes espaços distinguem-se ainda mais dos espaços logísticos tradicionais – normalmente de grandes dimensões e localizados longe das cidades – pelas suas menores dimensões e localização privilegiada junto de grandes núcleos urbanos, assemelhando-se a lojas comuns ou armazéns, mas onde os clientes não entram.

Este esforço de aproximação dos negócios online ao consumidor final é, aliás, um dos grandes desafios do “novo” Retalho que já podia ser apreciado no caso dos meios de pagamento online que, fruto do esforço de desenvolvimento de soluções de pagamento mais em linha com os hábitos dos consumidores, deu aos retalhistas serviços como o REDUNIQ E-Commerce e o REDUNIQ@Payments.

O primeiro destes meios de pagamento online permite a uma loja online receber pagamentos e-commerce de clientes de todo o mundo, com cartões de débito e crédito Visa e Mastercard, por MB WAY e referência multibanco, sem custos de adesão nem mensalidade. Em relação ao REDUNIQ @Payments, esta é uma solução pronta a usar, que permite aceitar pagamentos à distância, por cartão Visa e Mastercard, referência multibanco e MB WAY. Destina-se a quem vende online sem site através das redes sociais ou de marketplaces, permitindo a este tipo de negócios receber pagamentos online por e-mail, SMS, WhatsApp.

Voltando às Dark Stores, apesar de este conceito não ter como objetivo a venda presencial, existem algumas lojas que mantêm espaços abertos ao consumidor final, mas tendem a reduzir o espaço de venda ao público, capitalizando-o como zona de armazenagem a fim de dar uma resposta mais pronta ao consumidor online.

Em alguns destes casos, estas lojas podem funcionar, igualmente, como ponto de levantamento de encomendas, permitindo que o consumidor possa levantar os produtos que comprou online.

Como se situam em zonas de grande densidade populacional, abrir uma Dark Store pode levantar alguns problemas em matéria imobiliária, uma vez que o custo/m2 do solo nas áreas urbanas é muito mais elevado, e atualmente as cidades não dispõem de espaços de grandes dimensões, com características de armazéns, para abrigar este novo conceito. Contudo, de modo a contrariar esta situação, muitos negócios estão a apostar na conversão ou adaptação das suas lojas físicas em Dark Stores.

Dark Stores vão ser regulamentadas

O crescimento no número de Dark Stores em Portugal e a prevista abertura de novos espaços deste tipo nos próximos meses, como é o caso do investimento da Glovo em 16 Dark Stores e a entrada no nosso país do Bolt Market (modelo de negócio baseado em Dark Stores), vai levar o Governo a tomar medidas no sentido da sua regulamentação.

A novidade foi dada por João Torres, secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, durante um almoço-debate promovido pela Associação de Marcas de Retalho e Restauração. Segundo este dirigente, o Governo está a trabalhar,

“na revisão do regime jurídico das atividades de comércio, serviços e restauração, para podermos atualizar a nossa legislação e conformá-la à atualidade e a novas realidades do comércio que hoje nos circundam e que nem sempre são tão visíveis, como é o caso das Dark Stores ou outros pontos de logística de entreposto“.

Para João Torres, estes novos formatos são,

“prova também do dinamismo e da evolução permanente destes setores, quer no que diz respeito ao retalho quer à restauração”,

uma vez que também os restaurantes decidiram apostar neste conceito com a abertura das “Dark Kitchens”, cozinhas destinadas unicamente a entregas.