Apesar de uma aparente estabilização nos 90% da sua faturação face a 2019, o Retalho já começou a sentir os efeitos da entrada em vigor de medidas de contenção da pandemia mais restritivas no início de novembro.
De acordo com o mais recente relatório REDUNIQ Insights, construído com base em dados de transações entre o dia 15 de setembro (entrada em vigor do Estado de Contingência) e o dia 15 de novembro, as limitações à mobilidade impostas com o anúncio do novo Estado de Emergência já estão a cobrar os seus juros junto do setor retalhista português, em particular nos números da sua faturação no fim-de-semana de 14 e 15 de novembro, período em que se regista uma quebra de 43%.
Evolução da Faturação Total 2020 (15 de Setembro – 15 de Novembro)
Depois de no final de outubro a faturação dos negócios do Retalho terem estabilizado nos -10% face a igual período do ano passado, explicado em parte pela ausência de turistas estrangeiros, novembro começou com restrições que precipitaram uma nova fase de quebras no consumo em claro contraciclo com o que seria normal acontecer dado que entramos num período de compras massivas (Black Friday e Natal) por excelência.
A facturação registada no 1º fim-de-semana (14 e 15 de novembro) de recolher obrigatório depois das 13h00 consubstancia uma brutal quebra de mais de 43% face ao fim de semana imediatamente anterior (7 e 8 de novembro). Em termos setoriais, os números são particularmente impressionantes: a Moda perdeu 63%, as Perfumarias 57%, a Electrónica 50%, a Restauração 45% e os Hipers & Supers 42%.
No gráfico da evolução semanal da faturação, o panorama é ligeiramente diferente, mas igualmente negativo. Depois de na última semana de outubro (25 a 31) a faturação total dos negócios retalhistas ter registado um crescimento de 4%, as duas primeiras semanas de novembro acumularam perdas de, respetivamente, 4% e 2%.
Estas perdas são ainda mais acentuadas quando se observa que o valor da faturação na semana de 8 a 14 de novembro é quase 12% menor do que o valor observado na semana de 13 a 19 de setembro.
Evolução Diária da Faturação do Retalho Alimentar (15 de Setembro – 15 de Novembro)
Evolução Diária da Faturação da Restauração (15 de Setembro – 15 de Novembro)
Dentro desta análise setorial há, ainda, a realçar um facto curioso. No fim-de-semana do feriado de “Todos os Santos”, registou-se uma forte contração na faturação das Gasolineiras. Em particular, o dia 1 de novembro sofreu uma quebra de 40% em relação a ao período homólogo de 2019 e uma retracção de 32% face a dia 29 de outubro de 2020, último dia com permissão de circulação entre concelhos.
Evolução do Número Total de Transações (15 de Setembro – 15 de Novembro)
Como expressão de novos modelos de consumo é interessante reter o facto de que em termos de números de transações o sistema já estar em níveis de 2019, ainda que se verifique que, entre as diferentes categorias, existam diferenças em relação à frequência e ticket médio (desde logo, novamente, em face da ausência de cartões estrangeiros no sistema) das compras.
Entre 18 e 31 de outubro, o número total de transações registou uma quebra de 3,3,% face ao período homólogo de 2019, enquanto entre 1 e 14 de novembro essa percentagem foi de 2,9%.
A análise destes números deve ter em perspetiva o facto de 2020 estar a ser pautado por um crescimento extraordinário do uso do contactless no que, em parte, pode configurar uma transferência de pagamentos em dinheiro vivo para os pagamentos contactless. Neste contexto, parte da recuperação da faturação e do número de transações pode ser explicado por este fenómeno de desmaterialização dos pagamentos.
Segundo o documento REDUNIQ Insights, a ansiedade que se observa na generalidade dos operadores de retalho tem de ser, necessariamente, compreendida à luz de 3 fatores: (1) as perdas ainda observadas somam-se às brutais perdas acumuladas desde o início de março (cerca de 20% para o sistema como um todo), (2) as novas Medidas de Estado de Emergência “destroem” as expectativas de um bom Natal, período do ano que para muitas categorias representa mais de 1/3 da faturação do ano e (3) esta nova fase de retrocesso surge num momento em que o “estado da tesouraria” de muitas empresas está estruturalmente condicionado.
Evolução da Faturação Total 2019-2020 por Distrito (Variações Homólogas)
A variação homóloga geral do país em outubro é negativa, situando-se nos -9%. Na base desta percentagem negativa estão, em grande medida, as performances de Lisboa, Porto e Faro que, em outubro, registaram uma variação homóloga de -18%, -9% e -18%, respectivamente. Ressalve-se que, nesta análise ainda não estão contabilizados os efeitos da primeira quinzena de novembro, que o relatório antecipa poderem a vir a ser expressivos em quase todos os distritos.
As perdas acumuladas adensam-se e amplifica a crise dos retalhistas. Para se ter noção amplitude do problema, Lisboa, que representava cerca de 1/3 do total da faturação em 2019, acumula perdas superiores a 25%. Os dados apresentados deixam claro que, enquanto os grandes centros turísticos do país não recuperarem o turismo, dificilmente o país como um todo ultrapassará a barreira dos -10%.
Num mapa pintado de vermelho, apenas o distrito de Portalegre com um saldo positivo de 2% face ao ano passado consegue manter-se em território positivo.
Faturação Contactless – Evolução Homóloga 2020-2019
Quem continua imune a quebras é o contactless. Esta tecnologia cashless que permite pagamentos mais rápidos e higiénicos com a simples aproximação de um cartão ou wearable contactless a um terminal de pagamento continua de vento em popa, tendo registado entre dia 15 de Setembro e 15 de Novembro um crescimento não só em termos de faturação, como no seu peso no total da faturação dos negócios portugueses.
Apesar de uma ligeira quebra na faturação contactless total em setembro, outubro mostrou-se fulgurante com uma subida de 21% face ao mês anterior. Em termos homólogos, a faturação contactless em setembro e outubro navega amplamente território positivo com um crescimento de 308%.
Desde o início da pandemia que o peso das transações contactless tem vindo a crescer continuamente, representando neste momento, mais de um terço de toda a facturação (34%), mais do que 4x mais do que em igual período de 2019.
De acordo com o relatório, este rápido crescimento do contactless é a expressão da democratização do seu uso tendo, em pouco mais de 7 meses (desde março) mais que triplicado o seu peso no total da faturação dos negócios.
A isto não será alheio o papel da REDUNIQ que, através da disponibilização de terminais de pagamento automático (TPA) que permitem aos comerciantes aceitar transações contactless dos seus clientes, está a ajudar a transformar o panorama do setor dos pagamentos em Portugal.
Esta autêntica revolução acaba de ganhar mais um aliado: REDUNIQ Smart – terminal de pagamento Android, que, além de aceitar pagamentos contactless com cartão, chip ou MB Way dá ao comerciante a oportunidade de, no mesmo TPA, desenvolver e integrar apps de gestão e faturação, impressão de bilhetes, faturas ou outras aplicações à medida das suas necessidades.
Totalmente móvel e adaptável, este novo terminal de pagamentos Android além de oferecer aos consumidores um meio de pagamento rápido e seguro, mostra-se de particular mais-valia para os comerciantes ao permitir-lhes fazer a gestão de todo o seu negócio (faturação, pagamentos, etc.) a partir de um único equipamento.